02 novembro, 2010

PRENÚNCIO DE MORTE

O rádio está sintonizado no 102.0 (ou no 99.2?). However! Não me lembro que música estava a ouvir mas gostava. A estrada já me conhece dado que passo lá todos os dias. Aquela curva também já me conhece.
Eram, aproximadamente, 20:50 quando aquele carro me levava até casa depois de 1 dia de trabalho. Estou sozinha.
Após uma recta, avisto 1 cão que se atravessa na próxima curva para a esquerda. Assusto-me, travo e falo sozinha: "Aaaaah, sai cão". Quando me aproximo da curva tento desviar-me do cão e tenho a sensação que o cão pára no meio da estrada. Então desvio-me para a direita, onde há 1 largo de terra. Nesse momento o cão corre para a direita e eu estou a gritar. Antes de entrar no largo vejo uma árvore e tento virar o máximo para a direita para me desviar dela. Seja qual for a razão, o carro não me obedeceu e teimou em ir em frente. Continuo a gritar e penso que isso não me está a acontecer. " Vou morrer". Mas morrer literalmente e não como se morre nos jogos de computador. "É o meu fim. Vou morrer".
Pelos vistos o pneus já estavam a chiar e só pararam quando embato contra a árvore e se dá 1 estrondo descomunal.
Nesse momento tive ainda mais certeza de que ia morrer. Sinto alguma coisa quente a bater na minha cara e logo a seguir fumaça e 1 cheiro a queimado intolerável. O airbag. "Não acredito. Meu Deus!" Tento sair imediatamente do carro mas a porta não abria. Saio pela outra porta com uma respiração de morrer. Tenho as pernas e as mãos a tremer. Abro a porta do passageiro e procuro o meu telemóvel. Estou completamente em pânico. Sinto passos, olho para trás e assusto-me. O meu coração bate a toda a velocidade. Pensei que era o cão que me queria atacar mas era um homem. Digno de filme porque há sempre alguém onde achamos que não há ninguém.
"Não se assuste menina. Você está bem? Eu só tou aqui para ajudar."
Continuo com a respiração ofegante. "Eu não encontro o meu telemóvel". Encontrei-o. Liguei à Olga: "Olga, tive um acidente brutal....."
Atrás do homem veio outro e mais duas mulheres (possivelmente dois casais) com 1 copo de água com açúcar e um banco para eu me sentar. Muito prestáveis.
Doía-me o nariz.
Fui ver a frente do carro: totalmente destruída e vidro estalado. A "coisinha" onde se mete o cinto de segurança também sofreu danos, vá-se lá saber porquê. Ainda não tinha caído em mim e muito menos acreditava no que estava a acontecer. Respiração ainda muito acelerada. As 4 pessoas consolavam-me. Os meus pais chegaram. O pronto socorro chegou. 1h30m no local. As lágrimas persistiam.
Se a árvore não estivesse ali, provavelmente a lama ajudaria a travar o carro. Por outro lado, se não houvesse largo de terra teria embatido contra a valeta e teria sido pior.
Estou viva mas suspeito que foi alguma bruxa que me amaldiçoou, uma vez que tudo aconteceu no Dia das Bruxas (agora estou a gozar). A boa notícia é que ia sozinha. Que trauma pa vida.
Nessa noite sonhei com atentados (e eu estava no local). Em vez de 1 avião, era 1 helicóptero a cair-me em cima.
No dia seguinte os meus clientes tiveram a infelicidade de me ver com as lágrimas nos olhos.
Agora não tenho como me deslocar para o trabalho............